O primeiro carro da Suzuki fabricado no Brasil não é nenhuma novidade – está há 43 anos em produção na Ásia -, mas busca um nicho de mercado principalmente pela precariedade das estradas no vasto território nacional e pelo gosto dos brasileiros por carros off-road. Com preços a partir de R$ 55.990, o Jimny nacionalizado encara pedreiras, lama e obstáculos com a disposição de um jovem esportista e se mostra confiável no asfalto. É uma opção para quem precisa de um 4x4 e não quer desembolsar muito – seu rival mais próximo, o Ford EcoSport só tem tração nas quatro rodas a partir de R$ 67.800.
Em sua terceira geração, o Jimny ganhou quatro versões na edição nacional. O modelo de entrada é chamado de 4ALL e já conta com direção hidráulica, ar-condicionado, vidros elétricos, faróis de neblina traseiro e dianteiro, rádio com CD/MP3, bluetooth e pneus aro 15. Por R$ 59.990, o 4SUN ganha teto solar, para choques e moldura na cor do veículo. Mais preparada para encarar terrenos acidentados, a 4SPORT vem com engates, snorkel, ponteira de escapamento e volante revestido em couro, além de estar preparada para receber pneus MUD como opcional. Já o 4WORK é destinado a empresas e pode ser customizado com interior lavável e outras adaptações.
Motor, transmissão e tração são iguais para todos. Construído em alumínio, o propulsor é de 1.3 l com quatro cilindros, 16 válvulas e injeção eletrônica multiponto sequencial, que gera até 85 cavalos de potência a 6.000 rotações por minuto. O câmbio é manual de cinco marchas – automático não é um opcional. A tração pode passar de 4x2 para 4x4 com o veículo em movimento até 100 km/h, por meio de um botão no console central, enquanto a 4x4 reduzida é acionada apenas com o carro parado. O consumo e é bastante razoável para um jipinho, com média de 9,6 km/l movido a gasolina, segundo avaliação do Inmetro.
O Jimny é fabricado em pré-série desde novembro de 2012 em Goiás, na unidade compartilhada com a Mitsubishi na cidade de Catalão. A Suzuki finaliza a construção de outra fábrica em Itumbiara, também em Goiás. Juntas, as duas plantas terão capacidade de produção de 7 mil veículos. No salão do automóvel de 2012, o presidente da montadora no Brasil, Luiz Rosenfeld, havia afirmado que a unidade de Itumbiara abre as portas para a produção do SX4 ainda neste ano.
No entanto, os próximos modelos a ganharem versão nacional não estão confirmados. “Não somos importadores. Acreditamos no desenvolvimento brasileiro. O Jimny é o primeiro passo, mas não podemos afirmar ainda qual modelo será feito aqui. Queremos crescer devagar e sempre, sem exagerar metas”, afirmou Rosenfeld. A expectativa de vendas da marca para este ano está entre 7 mil e 8 mil veículos, sendo cerca de 2 mil unidades do Jimny.
Segundo o executivo, o jipinho nacional ganhará um motor flex, ainda em desenvolvimento e sem data definida. Já no final do ano, ABS e airbags entrarão na lista de equipamentos de série, o que deve encarecer o modelo. “Os incrementos para seguir a legislação variam entre R$ 1 mil e R$ 3 mil nas outras marcas. Ainda não sabemos qual será o impacto no Jimny”, explicou Rosenfeld.
Teste
Em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, o Jimny enfrentou situações de terrenos bastante acidentados. Com pneus específicos para lama e tração 4x4 reduzida, o jipinho se saiu bem no primeiro obstáculo: uma subida com forte inclinação lateral, que não causou nenhum medo. Segundo a fabricante, a inclinação lateral máxima é de 42°. Em seguida, atacou um trecho de pedras grandes (algumas soltas), subidas íngremes e passagens com lama, tudo com certa tranquilidade – quem não estava tranquilo era o motorista quando percebia o que ia se passar.
Com 20 cm de altura livre do solo, apenas pedras maiores faziam o carro resvalar o chão. Uma valeta profunda foi a única dificuldade capaz de segurar o Jimny, mas bastou uma ré e um pouco mais de ângulo para que ele saísse do buraco. Foram cerca de 15 minutos de trecho totalmente off-road, que terminaram com muita lama no carro e um motorista extenuado, mas as medidas compactas e estrutura leve (1.060 kg) fazem com que o veículo tenha bom desempenho nas piores situações, mesmo para quem não tem experiência nestas condições.
Para mostrar que o Jimny pode atuar em todos os terrenos, a Suzuki propôs que ele fosse testado também em uma pista de corrida. O autódromo Velo Città, a 180 km de São Paulo, que já recebeu provas de Gran Turismo, foi o palco da avaliação. Mesmo em curvas fechadas a cerca de 60 km/h, o Jimny não mostrou instabilidade causada pela altura elevada do solo, apenas saiu um pouco de traseira com velocidades um pouco superiores, o que pode ser considerado normal. Na reta, o carro vai bem até 120 km/h – a velocidade máxima é de 140 km/h, de acordo com a montadora.
O conforto no interior do veículo é limitado para quem vai atrás, mas os dois bancos traseiros possuem três posições para aliviar um pouco o aperto. Mas a inclinação dos encostos compromete diretamente o porta-malas, ou seja, para viagens mais longas o ideal mesmo é ter duas pessoas. A saída do banco de trás foi facilitada por uma alavanca no pé do passageiro que empurra o banco para frente – não é preciso buscar a alavanca lateral com as mãos. A posição de direção é confortável e deve agradar quem gosta de modelos mais altos, sendo uma opção para mulheres também.
O acabamento não é de alto nível, mas o importante é que seja resistente, por isso a Suzuki dá opção de interior totalmente lavável. Os equipamentos são de fácil acesso e dão um toque de SUV “moderninha” ao modelo mais básico, como retrovisores com ajuste eletrônico interno e bluetooth. Sob sol forte, todos os testes foram feitos com o ar-condicionado ligado, sem nenhum prejuízo perceptível ao desempenho.
Com 3,67 m de comprimento, o Jimny é cerca de 10 centímetros menor que um Novo Uno, o que dá vantagens no uso urbano, passando por espaços estreitos ou manobrando em vagas minúsculas de estacionamento com ajuda da direção hidráulica progressiva. Desse modo, o Jimny se mostra como uma opção para quem quer um veículo alternativo não apenas com um visual “aventureiro”, mas que possa aguentar situações mais extremas.
Terra