Trilha será realizada pelos jipeiros nos dias 19 e 20 deste mês |
Serra do Navio também é um mergulho na história do Amapá, pois foi com o incremento da indústria da mineração que passamos a ser mais conhecidos fora daqui, na década de 1950. É na região compreendida entre as Serras costadas por dois belos rios, o Amapari e o Araguari, que aquela moderna civilização foi erguida, com um padrão de vida de dar inveja a muita gente da cidade grande. Acompanhe, a seguir, um especial sobre a história deste belo e atrativo lugar.
História
O município de Serra do Navio foi criado em 1º de maio de 1992, através da lei n.º 007/92. A cidade foi criada inicialmente para abrigar os funcionários da ICOMI - Indústria e Comércio de Minérios, que firmou contrato de exploração do manganês amapaense por 50 anos, ou seja, até 2003. No entanto, a reserva esgotou antes do tempo previsto e a empresa deixou o local.
Enquanto a sede estava sendo administrada pela ICOMI, a vila era modelo de organização e eficiência em todos os setores. Representava a rede de maior projeto privado do Estado do Amapá. Os moradores não tinham a necessidade de sair da vila para nada. Com relação ao atendimento médico, eram efetuadas cirurgias que até hoje não se realizam na capital.
Com a saida definitiva da ICOMI e após a instalação do Município, a sede passou a ser administrada pela Prefeitura, e a decadência da cidade tornou-se ainda mais eficiente. A infra-estrutura lembra uma pequena cidade do sul do país. Sua fauna é bastante rica. É o único lugar no país que possui uma espécie rara de beija-flor: o brilho de fogo (ou topazzi). Uma curiosidade que pode explicar o nome da cidade é, segundo os antigos moradores, que o rio que passa em frente à cidade, se observado via área, possui a forma de um navio.
Geografia
Localiza-se na Microrregião de Macapá,Mesorregião do Sul do Amapá. A população estimada em 2003 era de 3724 habitantes e a área é de 7757 km², o que resulta numa densidade demográfica de 0,48 hab/km².
Limites
- Oiapoque a norte;
- Calçoene e Ferreira Gomes a leste;
- Porto Grande a sudeste;
- Pedra Branca do Amapari a oeste
SERRA DO NAVIO-ROTINA ÉPOCA DA ICOMI
OSWALDO BRATKE
Oswaldo Bratke e Antunes conversam sobre a construção das Vilas.
Oswaldo Arthur Bratke (1907-97) foi um dos principais arquitetos da moderna arquitetura brasileira, da geração na qual despontam nomes como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, irmãos Roberto, e outros. No panorama paulista, é sem dúvida a figura de frente entre seus contemporâneos, ao lado de Rino Levi. Os trabalhos de Bratke foram publicados também na Europa, nos Estados Unidos, no Japão; em 1994, o norte-americano John Peter o incluiu entre os principais arquitetos do século 20, no livro The oral history of modern architecture (New York, Harry N. Abrams).
Sua obra é aclamada sobretudo por sua arquitetura residencial: as imagens da casa Oscar Americano, a casa da rua Suécia, ou a própria moradia do arquiteto no bairro que desenhou, o Morumbi, fazem parte do imaginário de algumas gerações de arquitetos que nele identificaram um grande mestre. No entanto, trata-se de um recorte discreto: mais do que autor de moradias clássicas da arquitetura moderna, Bratke foi um inventor que assumiu o papel dos criadores totais, daqueles que em sua trajetória profissional enfrentaram o desafio de desenhar da cadeira a cidades inteiras. Vila Amazonas e Vila Serra do Navio constituem referências positivas de assentamentos urbanos contextualizados na região amazônica, imaginados pelo urbanista. Hospitais, balneário, escolas, estações ferroviárias, fórum, edifícios industriais, prédios de escritórios e moradias concebidos pelo arquiteto marcam a paisagem de inúmeras cidades paulistas e de outras regiões do país. Cadeiras, mesas, luminárias, janelas, elementos do cotidiano de muita gente foram desenhados por Bratke e incorporados no repertório das criações assimiladas como de autoria anônima.
"Quanto a Vila junto ao porto, teria como destino sua abertura à comunidade. As casas seriam repassadas a terceiros, chefes, funcionários e demais pessoal, que iriam trabalhar em outras atividades produtoras a serem pesquisadas. Era desejo da ICOMI que se deveria envidar todos os esforços para que esses conjuntos urbanos principais mantidos por ela, atingissem as qualidades de uma cidade exemplar: uma sociedade de indivíduos, com o fim de proporcionar o bem-estar a todos, representado pela segurança pessoal, saúde, lazer, cultura, liberdade, facilidade de aquisição de alimentos e dos bens desejados etc.
Sua obra é aclamada sobretudo por sua arquitetura residencial: as imagens da casa Oscar Americano, a casa da rua Suécia, ou a própria moradia do arquiteto no bairro que desenhou, o Morumbi, fazem parte do imaginário de algumas gerações de arquitetos que nele identificaram um grande mestre. No entanto, trata-se de um recorte discreto: mais do que autor de moradias clássicas da arquitetura moderna, Bratke foi um inventor que assumiu o papel dos criadores totais, daqueles que em sua trajetória profissional enfrentaram o desafio de desenhar da cadeira a cidades inteiras. Vila Amazonas e Vila Serra do Navio constituem referências positivas de assentamentos urbanos contextualizados na região amazônica, imaginados pelo urbanista. Hospitais, balneário, escolas, estações ferroviárias, fórum, edifícios industriais, prédios de escritórios e moradias concebidos pelo arquiteto marcam a paisagem de inúmeras cidades paulistas e de outras regiões do país. Cadeiras, mesas, luminárias, janelas, elementos do cotidiano de muita gente foram desenhados por Bratke e incorporados no repertório das criações assimiladas como de autoria anônima.
"Quanto a Vila junto ao porto, teria como destino sua abertura à comunidade. As casas seriam repassadas a terceiros, chefes, funcionários e demais pessoal, que iriam trabalhar em outras atividades produtoras a serem pesquisadas. Era desejo da ICOMI que se deveria envidar todos os esforços para que esses conjuntos urbanos principais mantidos por ela, atingissem as qualidades de uma cidade exemplar: uma sociedade de indivíduos, com o fim de proporcionar o bem-estar a todos, representado pela segurança pessoal, saúde, lazer, cultura, liberdade, facilidade de aquisição de alimentos e dos bens desejados etc.
Não deveria ser, em hipótese alguma, um aglomerado humano transitório, a ser relegado ao abandono, uma vez exaurida aquela Mina. Os pontos de vista da ICOMI eram os mesmo que os meus. Foi-me confiado o planejamento, com bastante liberdade de ação. Não era, porém, simplesmente um contrato de projeto de vilas e casas, e sim, implicitamente, a responsabilidade pelo funcionamento daquilo que se propunha. Começamos por atentar para os planos, que deveriam ser, simples para se porem em prática, e bem estudadas formas de agrupamento, com o fim de resultar em economia de infra-estrutura e construção do equipamento. Não fazer o que pudesse gravar a manutenção com gastos excessivos, sob pena de deterioração. Uma comunidade como a desejada deve ser, em seus primeiros tempos, fechada a terceiros, seja para moradia, comércio ou prestação de serviços, até que se concretizem os hábitos de viver da sociedade. Nada se deve alienar, por venda, concessão ou a que título seja. Conhecíamos o homem que ia habitá-la e seus hábitos.
Sempre acreditei que uma implantação urbana deve ser feita à feição de seu morador e não uma imposição à qual ele tenha de se adaptar. Isso para que ele se sinta bem e coopere em seu aprimoramento. Mas, vilas de propriedade de organização privada, e que proporcionam todo o conforto e segurança, não incentivam o espírito de luta, necessário à conquista de bens desejados e sua futura independência. Antes, desencorajam esses indivíduos de possuírem suas próprias casas, tornando-se mais e mais dependentes, matendo-as restritas ao uso da população de empregados da empresa, habituados à disciplina hierárquica, esses logo se adaptam às obrigações e aos regulamentos, simplificando a administração e a manutenção. Bem dirigidas, tornam-se uma escola de vida gregária, de responsabilidade e respeito mútuo. A presença de uma Companhia dirigindo e administrando essas comunidades deve ser discreta, para não ser antipática.
A instituição de um Conselho Municipal, formado por moradores funcionários resolvendo problemas comunitários em conjunto com seus administradores, livra a Companhia de muitos aborrecimentos. Os ônus da manutenção e direção, porém, sempre caberão à Companhia proprietária do conjunto. Deve paulatinamente ir admitindo comércio e serviços de terceiros, estranhos aos serviços da Companhia, não tolhendo esse direito também a dependentes de seus empregados; enfim, deve permitir a todos aqueles que, obedientes a regulamentos o obrigações, queiram cooperar para o bem-estar comum
Com alternativas de trabalho que vão surgindo, a Companhia deve repassar, gradativamente, aos empregados ou a terceiros. habitações, comércio, serviços, na forma mais adequada, incentivando a procura de novos meios de renda e, conseqüentemente, o aparecimento de novos empregos, Espera-se que, com raízes implantadas, a comunidade paulatinamente se atualize, beneficiando-se das vantagens que o progresso proporciona. Alcançado este estágio, desenvolve-se a vida coletiva e se forma o caráter da cidade. O crescimento migratório de indivíduos de formação e idéias variadas pouco muda sua característica, dada a natural adaptação ao meio ambiente, se esse crescimento for pausado e ordenado. O crescimento vegetativo age como elemento moderador das possíveis distorções, de vez que seus componentes são herdeiros dos propósitos de sua formação.
Contratados os nossos serviços, visitamos casos congêneres aqui e no exterior, para sentir mais o problema, as vantagens ou inconvenientes de certos partidos, as queixas mais comuns, enfim, toda a orientação que fosse útil na implantação da administração. A seguir, procuramos conhecer as condições físicas da região, o homem que habitava, seus costumes, sua casa, os meios de comunicação, de transporte, de tudo, enfim, que fosse útil à consecução dos planos. Era necessário saber dos materiais disponíveis na região e até como se opera uma mina. As características locais, que passamos resumidamente a descrever, se comportam aos anos 50.
Sempre acreditei que uma implantação urbana deve ser feita à feição de seu morador e não uma imposição à qual ele tenha de se adaptar. Isso para que ele se sinta bem e coopere em seu aprimoramento. Mas, vilas de propriedade de organização privada, e que proporcionam todo o conforto e segurança, não incentivam o espírito de luta, necessário à conquista de bens desejados e sua futura independência. Antes, desencorajam esses indivíduos de possuírem suas próprias casas, tornando-se mais e mais dependentes, matendo-as restritas ao uso da população de empregados da empresa, habituados à disciplina hierárquica, esses logo se adaptam às obrigações e aos regulamentos, simplificando a administração e a manutenção. Bem dirigidas, tornam-se uma escola de vida gregária, de responsabilidade e respeito mútuo. A presença de uma Companhia dirigindo e administrando essas comunidades deve ser discreta, para não ser antipática.
A instituição de um Conselho Municipal, formado por moradores funcionários resolvendo problemas comunitários em conjunto com seus administradores, livra a Companhia de muitos aborrecimentos. Os ônus da manutenção e direção, porém, sempre caberão à Companhia proprietária do conjunto. Deve paulatinamente ir admitindo comércio e serviços de terceiros, estranhos aos serviços da Companhia, não tolhendo esse direito também a dependentes de seus empregados; enfim, deve permitir a todos aqueles que, obedientes a regulamentos o obrigações, queiram cooperar para o bem-estar comum
Com alternativas de trabalho que vão surgindo, a Companhia deve repassar, gradativamente, aos empregados ou a terceiros. habitações, comércio, serviços, na forma mais adequada, incentivando a procura de novos meios de renda e, conseqüentemente, o aparecimento de novos empregos, Espera-se que, com raízes implantadas, a comunidade paulatinamente se atualize, beneficiando-se das vantagens que o progresso proporciona. Alcançado este estágio, desenvolve-se a vida coletiva e se forma o caráter da cidade. O crescimento migratório de indivíduos de formação e idéias variadas pouco muda sua característica, dada a natural adaptação ao meio ambiente, se esse crescimento for pausado e ordenado. O crescimento vegetativo age como elemento moderador das possíveis distorções, de vez que seus componentes são herdeiros dos propósitos de sua formação.
Contratados os nossos serviços, visitamos casos congêneres aqui e no exterior, para sentir mais o problema, as vantagens ou inconvenientes de certos partidos, as queixas mais comuns, enfim, toda a orientação que fosse útil na implantação da administração. A seguir, procuramos conhecer as condições físicas da região, o homem que habitava, seus costumes, sua casa, os meios de comunicação, de transporte, de tudo, enfim, que fosse útil à consecução dos planos. Era necessário saber dos materiais disponíveis na região e até como se opera uma mina. As características locais, que passamos resumidamente a descrever, se comportam aos anos 50.
Rio Amapari, margem direita – Serra do Navio
As jazidas situadas em região de relevo acentuado eram cobertas de florestas tropicais, de difícil penetração e somente parcialmente nas margens dos rios, que constituíam o único meio de comunicação existente, bastante precário, de vez que apresentavam inúmeros acidentes em seus cursos. As jazidas, então, estavam isoladas e muito distantes de quaisquer outros centros de apoio. Matas de grande variedade de espécies; mas, devido ao baixo teor de fosfato e carbonatos em seu solo, tornavam difícil a exploração de suas madeiras para construção. Terreno em geral laterítico, ácido, de pouca pedra e de areia muito fina. Chuvas abundantes com média anual total de 2.000 mm e máxima de 100 mm por hora. Nos meses de estio (setembro outubro e novembro) o mínimo é de 60 mm por mês. Temperatura média de 28º C, com máxima de 32º C. Umidade relativa na casa dos 90%. Ventos alíseos fracos. Enchentes tornavam arriscado o uso das margens dos rios para implantação urbana. As condições climáticas eram propícias à formação de mofo, de fungos e para redução da vida útil de muitos materiais. Enfim, um trabalho muito grande para o arquiteto contornar esses inconvenientes."
EXPLORAÇÃO MINERAL-ICOMI
Carregamento de minério de manganês das minas de Serra do Navio.
Beneficiamento do minério.
Empilhamento de minério em Serra do Navio.
Embarque de minério em vagões em Serra do Navio.
Transporte de minério via ferrovia, de Serra do Navio para o Porto de Santana.
Embarque do minério em navios no Porto de Santana.
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