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sábado, 24 de março de 2012

Toyota Hilux cabine dupla, 4x4 e Flex. Ela bebe etanol e gasolina

Hilux flex é arma da Toyota para trilhar árduo caminho que a separa da S10 bicombustível
Eugênio Augusto Brito
Do UOL, em São Paulo (SP) 

Visualmente, a Hilux 2012 não agradou a UOL Carros. Enquanto o modelo anterior tinha personalidade forte e cativante - com sua barra única assinando a grande abertura frontal -, a picape atual encaretou. Os traços gerais foram suavizados, ganhado ares de um sedã anabolizado. Pior, a grade frontal ganhou três lâminas com uma certa elevação ao centro, que acabam lembrando (ou, no popular, "imitando") as linhas definidas pela coreana Hyundai em seus modelos. Nada pior para a personalidade da marca japonesa e seus seguidores. Enquanto isso, a S10 ficou mais parruda, acolhendo bem a enorme frente com a nova identidade da Chevrolet. Claro, cada comprador tem seu gosto, mas nós preferimos os traços marcantes da nova S10 ao conservadorismo nada inspirado da Hilux 2012.
De visual novo desde novembro de 2011, picape Toyota Hilux 2012 adota agora motor bicombustível
A dirigibilidade é conhecida. A Hilux segue a receita padrão para se dar bem na terra batida, apostando na suspensão por feixe de molas na traseira. Feita para aguentar o tranco ao pegar no batente, o conjunto acaba cansando o motorista em momentos de passeio pelo asfalto da cidade: de caçamba vazia e mais leve que o SUV SW4, a Hilux cansa motorista e eventuais passageiros com seu sacolejo incessante. Aliás, tem de ter muita vocação para caubói para aguentar o sobe-desce, vira-e-torce da carroceria nesta situação. Claro, há todo o conforto proporcionado pelo acabamento correto, pelo revestimento de couro, pelo ar digital, pelos controles elétricos e pela câmera de ré (boa, mas que seria mais eficiente ainda se tivesse a companhia do sensor de ré). Mas o lugar dela é mesmo no terreno maltratado, carregada de muita carga, ainda que os pneus de 16 polegadas de uso misto que a acompanham peçam socorro caso a trilha fique pesada -- essa ressalva é necessária, uma vez que, com eles, pode ser que nem a tração 4x4 com reduzida (que é acionada à moda antiga - e, sejamos sinceros, defasada - por meio de alavanca) dê conta do recado em momentos de perigo. Isso tudo e muito mais já foi contado na ocasião do lançamento da picape, e pode ser revisto aqui.

O fundamental, porém, é tentar responder à pergunta do frentista de forma objetiva. Vale ceder à pressão do mercado, descer um degrau (talvez dois) na escada da força e escolher o motor flex para mover a picapona de 5,26 metros e 1.745 quilos? No trânsito pesado, ou tentando encaixá-la na diminuta vaga do shopping center, talvez não faça diferença. Mas puxando carga e abrindo caminho na estrada, haverá diferença, sim, mas para pior. Por vezes, fica a incômoda impressão de que o fôlego da gigante é curto. A picape demora para embalar, mesmo com o trabalho correto do câmbio automático de quatro marchas. Todos à frente vão abrir caminho, acostumados com o porte da picape (embora a cara, vista pelo retrovisor, já não assuste tanto), mas você não terá a mesma facilidade em passar por eles. Sem a força do motor a diesel, uma única palavra que nos vêm a mente: frustração.

Hilux Cabine Dupla 4x4 SRV Flex

Robustez do conjunto mecânico, típico de utilitário pesado (como de caminhão), segue inalterada Murilo Góes/UOL
Depois de dividir estas impressões com o frentista, ele acenou a cabeça, num gesto de compreensão. Com o tanque devidamente abastecido com etanol e R$ 140 reais a menos no bolso, partimos para uma nova perna. Ao fim de tudo, o computador de bordo (que fica no topo da porção central do painel, não junto com os demais marcadores atrás do volante) variou suas indicações de 6,3 a 4,4 km/l. Na nossa cabeça, porém, ficou a impressão de que a jornada com uma Hilux dos velhos tempos teria sido mais empolgante. Agora, resta ver o que o público e os emplacamentos dirão.

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