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sábado, 7 de abril de 2012

Leia a íntegra da "ordem do dia" alusiva ao Dia Mundial do Jeep

Momento da leitura da "ordem do dia" proferida pelo comandante do 34º BIS na festa jipeira
O comandante da Fronteira Amapá, tenente-coronel Marcelo Pinheiro, envia, a pedido do Blog, o texto lido por ele durante a cerimônia comemorativa ao Dia Mundial do Jeep, no último dia 4 de abril, na orla de Macapá. A alocução do militar do Exército Brasileiro reúne informações valiosas e registros históricos da trajetória deste valente carrinho, apontado como uma das "armas" da guerra para a qual foi projetado. Só podemos agradecer em nome do Blog e, claro, dos associados do Jeep Clube de Macapá pela participação dos militares do 34º Batalhão de Infantaria de Selva e pela brilhante pesquisa do coronel Pinheiro. Selva! (INDIVIDUAL)

Comemoração do Dia Mundial do Jeep em Macapá
Dia 4 de abril de 2012
A história do Jeep no Exército Brasileiro
Boa noite a todos!
Boa noite jeepeiros!
Sr João Cruz, Presidente do Jeep Clube de Macapá.
Sr Manuel Mandi, Presidente de Honra do Jeep Clube de Macapá.
Sr Cléber Barbosa.

Na qualidade de Comandante da Fronteira Amapá e 34º Batalhão de Infantaria de Selva gostaria de agradecer ao convite formulado para participarmos desta exposição, pois Comemorar o Dia Mundial do Jeep é cultuar nossa história. Dessa forma, estamos aqui para reverenciar estes veículos 4x4, ressaltando àquele que conduziu nossos pracinhas da FEB nos combates no II Guerra Mundial.

Antes de o Jeep ser adquirido pelo Exército Brasileiro, ele já era testado e aprovado em combate.
Em 1940 a Willys venceu a licitação para construir, com a colaboração da Ford, o Jeep, destinado às linhas de combate do Exército norte-americano na guerra. O nome do veículo vem de general purpose, veículo de uso geral, abreviado para suas iniciais gp, pronunciadas em inglês como jeep.

Existem marcas e produtos cuja simples referência ao seu nome nos transmitem a idéia do que se trata. Podemos associar qualidades e virtudes a uma marca. A simples menção ao nome Jeep, por exemplo, leva as pessoas a associarem à aquele carrinho robusto, ex-combatente de guerra, sem conforto algum, mas muito corajoso e carismático.

A aura criada em torno do Jeep teve início devido a sua participação na Segunda Guerra Mundial. É indiscutível a importância do Jeep neste conflito. Ele serviu em todas as frentes de batalha e se tornou uma parte vital de toda ação em terra. Foi utilizado como veículo de reconhecimento, de transporte de pessoal, de metralhadoras, de munição, de alimentos, de feridos e outras funções que a necessidade criava desde os pântanos da Nova Guiné as gélidas regiões da Islândia.

Os Jeep podiam ser engradados e transportados, desmontados e montados, modificados e convertidos, moviam-se por estradas, trilhas e até pela água. Tripulações de transporte poderiam carregar um veículo completo em um avião de carga C-47, pois eles precisavam estar fácil e rapidamente na linha frente, onde eles eram mais necessários.

No Brasil, os jeeps só começaram a chegar em 1942, depois do acordo de assistência militar com os Estados Unidos. No momento em que o Brasil declarou guerra contra o Eixo, bases americanas foram montadas em cidades costeiras como Recífe, Natal, ou mais ao Norte, como Belém, na rota aérea para o Norte da África. Logo, uma grande quantidade de material americano começava a chegar para uso de nossas forças armadas, também por via marítima, estando o Jeep entre estes.

Já para a Força Expedicionária Brasileira - FEB, todo o material motomecanizado lhe foi entregue pelo Exército Aliado já em solo italiano. Algumas das viaturas recebidas eram “veteranas de guerra”, pois haviam sido utilizadas nas campanhas da Sicília e Norte da África. Um dos principais motivos para a FEB receber algumas viaturas já utilizadas, era a necessidade de remanejamento de material para a operação Overlord no Norte da França (Dia D).

As viaturas recebidas eram de número inferior às necessidades de nossa tropa, e nossos motoristas, após um breve treinamento de direção já em solo italiano, cuidavam delas com muito carinho, como se fossem verdadeiras “damas”. Prova disso, é que todas possuíam nomes pintados em sua lataria, alguns fazendo referência às “pessoas amadas” que ficaram no Brasil. Podemos citar, como exemplo, o Jeep FEB 330 que recebeu o nome DELOURDES e o Jeep FEB 310 com nome de MACACA. Até o Jeep do Gen Mascarenhas atendia pelo nome de LILIANA, homenagem do Cmt da FEB à sua filha. (Este Jeep foi recuperado e está em exposição no Monumento aos Mortos na 2ª GM – RJ).

Uma curiosidade eram as chaves de ignição das viaturas, solidárias aos painéis para evitar o risco de perdê-las. Os Jeeps do Brasil possuíam estapados o nosso Cruzeiro do Sul, o nome FEB e um número qualquer, além, é claro, de um nome brasileiro pelo qual aquela viatura passava a ser conhecida.
Muitos jeeps da produção do período da guerra também foram comprados pelo Brasil nos anos seguintes ao conflito, como excedente de fabricação americana. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) dispôs na Itália de 655 Jeeps que entraram em combate em muitas missões.

Muitos destes veículos voltaram ao Brasil com o fim da guerra, continuando em atividade nos quartéis do Exército em todo o país. Desmobilizados, após bastante tempo de serviço, vários deles ainda rodam na mão de civis e colecionadores. O General Eisenhower descreveu o Jeep como uma das quatro armas mais importantes da Segunda Guerra Mundial, juntamente com o avião Douglas C-47, o Lança Rojão (também conhecido como bazooca) e os carros blindados.

Mas a melhor descrição da importância do Jeep na Segunda Guerra Mundial é a do correspontente de guerra Ernie Pyle: “Eu acho que não poderíamos continuar sem o Jeep. É fiel como um cachorro, forte como uma mula e ágil como um cabrito. Constantemente leva o dobro de peso para o que foi projetado e ainda se mantém andando.”

Por tudo isso, nós do Exército Brasileiro prestamos nossa continência para estes veículos que cumpriram muito bem sua missão durante mais de 50 anos. Hoje contamos com diversas outras viaturas 4x4, Engesas, Toyotas, Land Rovers e agora nossas Agrale Marruas que estão conosco no Haiti, mas nossos Jeeps Wyllis jamais serão esquecidos.

Selva!

Tenente-Coronel Infante
MARCELO PINHEIRO PINTO
Comandante do Comando de Fronteira Amapá
e 34º Batalhão de Infantaria de Selva (Macapá-Ap)

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